Em fevereiro de 2022, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e a Sociedade Brasileira de Metabologia e Endocrinologia (SBEM), divulgaram o resultado de um estudo realizado com 3621 pessoas de ambos os sexos entre 18 e 82 anos, em que revela que mais de 85% dos entrevistados já sofreu casos de gordofobia.
A pesquisa Obesidade e a Gordofobia Percepções 2022 destacou que os constrangimentos sofridos por pessoas obesas têm relação direta com o estigma social da aparência, visto que, entre as pessoas com sobrepeso, o índice de ocorrências de gordofobia é cerca de 30% menor do que entre as pessoas com obesidade de grau 3. Isso indica que, quanto maior o peso corporal, mais recorrentes são os episódios de discriminação vivenciados.
Segundo a Dra. Beatriz Alaga Pini, psicóloga e membro da equipe transdisciplinar do Instituto de Medicina Sallet, os números da pesquisa escancaram o preconceito e a estigmatização social com relação à obesidade, revelando a dimensão de tal problemática. Os participantes do estudo apontaram que, dentre os principais ambientes onde ocorrem a gordofobia estão a própria casa ou de familiares, estabelecimentos comerciais, rodas de amigos, consultas médicas e locais de trabalho. De acordo com a pesquisa, 6 em cada 10 pacientes já se sentiram desconfortáveis ou desacolhidos em ambientes médicos enquanto buscavam ajuda para perder peso em serviços públicos. O número cai para 4 em cada 10 pacientes no serviço privado, mas ainda preocupa.
“São os pacientes que ainda sentem e sofrem com a falta de informação das pessoas a respeito da obesidade como doença. Infelizmente, este tipo de preconceito se estende desde as pessoas que convivem diretamente com o obeso, até mesmo profissionais da saúde mal-informados, o que só aumenta o sofrimento e dificulta a busca por um tratamento eficaz contra a obesidade”, diz a psicóloga.
O “estigma do peso” se manifesta por meio de estereótipos que conduzem ao preconceito, rejeição social, pré-julgamentos e tratamento injusto. Indivíduos obesos são vistos como preguiçosos, gulosos, indisciplinados e com falta de força de vontade. Quem pratica gordofobia, muitas vezes, nem sabe o mal que está cometendo a quem sofre com a obesidade.
Algumas pessoas acreditam que certos comentários motivam a mudança, quando, na verdade, impactam negativamente a saúde mental de maneira similar a um trauma, provocando o efeito inverso em quem já está vulnerável. Ao vivenciar uma situação de preconceito, nosso cérebro reage instintivamente, liberando hormônios de defesa como o cortisol, o “hormônio do estresse”, que inibe a produção da serotonina, conhecida como “hormônio da felicidade”. Tal situação diminui a autoestima e aumenta a má impressão sobre o próprio corpo, desestimula a prática de atividades físicas, provoca ansiedade, depressão, estimula a compulsão alimentar e, com isso, as chances de ganho de peso.
“Devemos ensinar a todos a respeitar as diferenças e a conviver na pluralidade da nossa sociedade. Ninguém tem obesidade por escolha. Por se tratar de uma doença crônica, seus portadores precisam ser tratados com responsabilidade e respeito”, finaliza a Dra. Beatriz.
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