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O obeso e a dopamina

Uma questão que vai muito além do vício pela comida. Estudos sugerem que pessoas com obesidade apresentam receptores de dopamina reduzidos no organismo.

O polimorfismo Taq1A (rs1800497) vem sendo associado com alterações no número de receptores dopaminérgicos (DD2R). Isso mostra que indivíduos que apresentam este alelo A1 possuem menores concentrações de receptores de dopamina, e esse quadro tem sido associado com o aumento de fatores de risco para o desencadeamento de certos vícios como alcoolismo, tabagismo, dependência de opioides e cocaína.

Fato preocupante é que este mesmo alelo (A1) está presente em altas concentrações em pessoas obesas.

Isso nos leva a um achado interessante de que o obeso come em demasia, dentre outras coisas, por possuir um mecanismo de recompensa deficitário (resistência à dopamina ou falta de sensibilidade dos receptores de dopaminérgicos).

Dessa forma, o comportamento de um indivíduo obeso frente à comida apresenta traços semelhantes ao de um drogadicto. No entanto, apesar de existir forte correlação entre a reduzida concentração de receptores de dopamina e a obesidade, a sua baixa concentração não resulta, por si só, em aumento do IMC. O alelo A1 não é o responsável pela obesidade, mas predispõe a um traço de personalidade que dificilmente responde às tentativas de redução do peso.

Pessoas que apresentam esses traços de personalidade são menos motivadas a trabalhar para obter grandes recompensas e perdem a motivação rapidamente quando não veem os resultados imediatos esperados.

Os exercícios físicos vêm se mostrando como um dos principais aliados para a regulação dos receptores dopaminérgicos (DD2R) e o aumento da sensibilidade à dopamina em pessoas com sobrepeso e obesidade. E o melhor de tudo, sem os indesejáveis efeitos colaterais que muitas drogas trazem.

É importante salientar que a prática precisa ser regular e de preferência com variação de estímulos (aeróbios e resistidos) na maioria dos dias da semana.

Metas pequenas, realistas e de curto prazo devem ser estabelecidas para motivar a adesão e o engajamento na fase inicial. Nada de querer implementar regimes altamente restritivos e horas na academia para objetivar a perda de 10kg em 1 mês.

Entender este mecanismo é essencial para o sucesso no tratamento.

Referências:

Int J Obes (Lond). 2016 Mar; 40(Suppl 1): S12–S21.

A meta-analysis of the relationship between brain dopamine receptors and obesity: a matter of changes in behavior rather than food addiction?

D Benton1,* and H A Young1

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4819757/

Diabetes Spectr. 2017 Aug;30(3):153-156. doi: 10.2337/ds017-0025.

Why Weight Loss Maintenance Is Difficult.

Evert AB1, Franz MJ2.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28848306

Marcos Moraes de Oliveira é educador físico graduado pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), mestre em Ciências Endocrinológicas e especialista em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP, educador em Diabetes formado pela International Diabetes Federation (IDF) e docente da pós-graduação em Fisiologia do Exercício da Faculdade Conhecimento e Ciência e pós-graduação em Medicina do Esporte da UNIFESP. Atua como fisiologista do Ambulatório de Endocrinologia do Exercício da UNIFESP, preparador físico da Clínica OBESIMED e do Instituto de Medicina Sallet e conselheiro editorial do portal Saúde Metabólica.

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