A obesidade tem se tornado cada dia uma maior preocupação de saúde pública em níveis globais, principalmente por afetar diretamente a vida e o cotidiano de milhares de pessoas. Dentre os vários tipos de cânceres associados à obesidade, o câncer de mama é um dos mais pesquisados. Estima-se que cerca de 2,3 milhões de mulheres sejam afetadas pelo câncer de mama a cada ano, tornando-o o tumor mais comum entre as mulheres no mundo. Neste artigo, iremos investigar esta conexão entre obesidade e câncer de mama.
O Cenário Atual
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é definida como um índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30. Globalmente, cerca de 650 milhões de adultos são considerados obesos, e esse número continua a crescer. Segundo a OMS, em 2022, mais de 1,9 bilhão de adultos eram considerados acima do peso. Este aumento é atribuído a fatores como mudanças na dieta, sedentarismo e hábitos de vida contemporâneos.
Segundo o Atlas da Obesidade, a previsão é que em 2025, a estimativa seja de 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade. Já a incidência do câncer de mama, por sua vez, também está aumentando. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil estima cerca de 73.610 novos casos de câncer de mama em 2024, tornando-se o tipo de câncer mais comum entre as mulheres.
Um estudo publicado no Journal of Clinical Oncology em 2020 indicou que mulheres com sobrepeso ou obesidade apresentaram um aumento de 30% a 50% no risco de câncer de mama em comparação às mulheres com peso saudável. Já uma pesquisa do European Journal of Cancer em 2021 mostrou que a obesidade foi associada a um aumento do risco de recidiva em mulheres diagnosticadas com câncer de mama, além de um aumento na mortalidade por câncer em mulheres obesas.
Fatores de Risco
A ligação entre obesidade e câncer de mama é complexa e envolve diversos mecanismos. Alguns dos principais fatores incluem:
- Estrogênio: O tecido adiposo, presente em excesso nos indivíduos obesos, tem a capacidade de converter outros hormônios em estrogênio. Esse hormônio, por sua vez, pode estimular o crescimento das células mamárias, aumentando o risco de desenvolver câncer.
- Inflamação crônica: A obesidade está associada a um estado inflamatório crônico no organismo. Essa inflamação pode promover o crescimento de células cancerígenas e dificultar a ação do sistema imunológico.
- Resistência à insulina: A resistência à insulina, comum em pessoas obesas, pode levar a alterações hormonais que favorecem o desenvolvimento de tumores.
- Alterações metabólicas: A obesidade está associada a diversas alterações metabólicas, como aumento dos níveis de triglicérides e colesterol, que podem influenciar o crescimento tumoral.
Impacto da Obesidade no Câncer de Mama
A obesidade não apenas aumenta o risco de desenvolver câncer de mama, mas também pode influenciar o prognóstico da doença. Estudos indicam que mulheres com obesidade e câncer de mama têm:
- Tumores maiores: mulheres acima do peso tendem a ser maiores e mais agressivos no momento do diagnóstico.
- Maior risco de metástase: a obesidade está associada a um maior risco de disseminação do câncer para outros órgãos.
- Pior resposta ao tratamento: mulheres com obesidade podem apresentar menor resposta aos tratamentos convencionais para o câncer de mama.
Prevenção e Tratamento
A prevenção do câncer de mama passa por um estilo de vida saudável, que inclui:
- Manutenção de um peso saudável: adotar uma alimentação equilibrada e praticar atividades físicas regularmente são fundamentais para prevenir o ganho de peso e reduzir o risco de câncer.
- Aleitamento materno: o aleitamento materno está associado a uma redução do risco de câncer de mama.
- Controle do tabagismo: o tabagismo é outro fator de risco para o câncer de mama.
- Check-ups regulares: o acompanhamento médico regular com realização de mamografias e exames clínicos das mamas é essencial para o diagnóstico precoce do câncer.
Para as mulheres que já foram diagnosticadas com câncer de mama, o controle do peso pode ser uma importante ferramenta para melhorar o prognóstico da doença. Além disso, a perda de peso pode ajudar a reduzir os níveis de hormônios, diminuir a inflamação e melhorar a resposta ao tratamento. A prevenção da obesidade é fundamental nessa luta. Medidas como uma alimentação saudável e praticar regularmente atividades físicas são essenciais para reduzir o risco de desenvolvimentos de cânceres. Caso precise de auxílio, entre em contato com o Instituto de Medicina Sallet.